As aventuras e desventuras do lobo fumador

As aventuras e desventuras do lobo fumador

Um dia, no recreio, o canzarrão malvado tirou um maço de cigarros do bolso do blusão negro e propôs ao lobo mau:

— Queres um?

— Claro! — respondeu o lobão, que não queria fumar, mas tinha medo de que o canzarrão deixasse de ser seu amigo.

E foi assim que o lobão, com um certo mal-estar (sobretudo ao pensar na mãe), experimentou o seu primeiro cigarro, que o fez tossir e cuspir.

— Olha o pateta ! — troçou o canzarrão. — Come galinhas mas não sabe fumar!

A troça durou uns bons minutos, com o canzarrão a mostrar os dentes todos amarelados e podres. Este canídeo era bem estúpido, diga-se de passagem. Não é um cigarro que nos torna super-fantásticos ou super-fixes. E a amizade não tem nada a ver com cigarros. Mas o lobão achava que fumar fazia parte dos hábitos de todos os lobões que se prezem.

— Se eu fosse um pintainho, um patinho, ou uma princesinha, não teria de gramar este horror que me dá vontade de vomitar — suspirou entre dentes.

E foi assim que o lobão, que detestava o tabaco, se pôs a fumar. Segurava o cigarro entre o indicador e o polegar, semicerrava os olhos e expelia círculos de fumo, enquanto cruzava as pernas peludas. Vendo-se no espelho, dizia para si mesmo: “Olha para esta classe!”

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