A menina da chuva

A menina da chuva

Eu estava de férias com os meus pais numa ilha da Normandia, numa casa alugada, pequenina e pitoresca. Mas estava aborrecida: sentia-me só. Por isso, todas as manhãs, ia sentar-me num grande rochedo no meio da praia, a olhar para a dança de milhares de pequenas ondas no mar. Até que um dia…

No céu, nuvens carregadas de água corriam a toda a velocidade como se quisessem fazer sombra à luz branca do sol. Ao longe, as gaivotas confundiam-se com as velas dos barcos. A praia estava quase deserta: a água estava demasiado fria e soprava uma ligeira brisa. Quando o vento se metia no cabelo dos dois rapazinhos loiros que, não muito longe de mim, brincavam com um papagaio de papel, fazia-os esvoaçar com graciosidade e leveza. Era bonito! Como eu gostaria de ter cabelos assim tão lisos, em vez dos meus, tão encaracolados!

Os rapazes eram gémeos, muito bonitos e de pele clara. Viviam com os pais numa casa alugada ao lado da nossa. Sempre que os encontrava na praia, o meu pai insistia: “Vai brincar com eles!” Mas eu não me atrevia: é que nos olhos deles havia qualquer coisa que me desagradava, um brilho um pouco maldoso…. Mas…como eu queria poder brincar com o papagaio deles, poder segurá-lo entre os dedos, fechar os olhos e voar com ele, até lá longe, bem no alto, onde as gaivotas fazem piruetas!

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