O desejo de Nathan

O desejo de Nathan

 A minha vizinha, Miss Sandy, é reabilitadora de aves de rapina, ou seja, toma conta de aves feridas, como corujas e falcões, até elas serem capazes de voar de novo.

Todos os dias, vejo-a misturar medicamentos, distribuir comida e limpar as grandes gaiolas que tem no pátio. Por muito cansada ou ocupada que esteja, Miss Sandy tem sempre tempo para falar comigo acerca dos pássaros.

O meu maior desejo era poder andar sozinho para poder ajudá-la nas tarefas, em vez de estar apenas a observar. Mas, como tenho paralisia cerebral, os meus músculos não têm força suficiente para que eu ande sem cadeira de rodas ou andarilho.

Certo dia, Miss Sandy mostra-me uma coruja-das-torres, que tem uma asa partida. Embora a asa esteja dentro de uma tala, a coruja tenta escapar debatendo-se contra as paredes da caixa de madeira onde foi colocada.

— Vai ter de ficar aqui até a asa sarar — diz Miss Sandy. — Que nome achas que lhe devemos dar, Nathan? — pergunta-me.

Os olhos brilhantes e amarelos da coruja faíscam, zangados.

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