Era uma vez uma ratinha chamada Clarisse. Clarisse tinha as faces rosadas e usava um vestido e uns sapatos cor-de-rosa.
Era encantadora, com um pescoço delgado e olhos de gazela. As pessoas costumavam dizer-lhe:
— Como és meiga-linda-simpática! — e ainda: — Um dia vais ser arrasadora! — e, em frente da mãe, as pessoas diziam, abanando o indicador:
— Cuidado com a sua Clarisse! Ela ainda vai despedaçar muitos corações!
E Clarisse baixava os olhos sem compreender lá muito bem o que queriam dizer. Despedaçar corações? Ela, a quem chamavam meiga-linda-simpática? Os adultos tinham ideias estranhas. Às vezes eram incómodos aqueles olhos brilhantes fixos nela, aqueles beijos no pescoço,
aquelas carícias nos braços, aquelas perguntas indiscretas: